sexta-feira, 24 de maio de 2013

Especial: Desmembrando uma escola particular


Hoje, 24 de maio de 2013, eu tive a oportunidade de assistir uma palestra do Luciano Milici, autor do livro “A página perdida de Camões”. Esta palestra ocorreu no colégio Julio Mesquita, um famoso colégio particular da minha cidade. Foram selecionados apenas dez alunos da escola pública em que eu estudo para assistir a palestra, e eu fui um dos privilegiados.

Antes de entrarmos na escola já sentimos a diferença de classes, entre nós e os alunos, pois duas adolescentes, da nossa faixa etária, estavam discutindo sobre preços de óculos de sol, e o mais barato para elas era incrivelmente caro para mim e meus amigos.
Ao entrarmos no colégio nos deparamos com uma recepção totalmente diferente da nossa. Era uma recepção digna de uma empresa, com um grande aquário na parede e sofás de couro. Já a nossa é uma simples janelinha que separa o pai, aluno ou quem quer que seja do funcionário da secretaria do colégio.
Entrando no primeiro corredor, encontramos uma daquelas máquinas de alimento que, geralmente, somente vemos em filmes americanos. Diferente da entrada do nosso colégio, que assim que entramos deparamo-nos com uma obra inacabada e atrasada.
Ironia ou não, quando chegamos no corredor onde se localizava o local em que a palestra seria ministrada, vimos um cartaz escrito “Desigualdade social” e somente esse cartaz nos separava dos olhares de estranhamento de todos aqueles alunos de uma classe social acima da nossa.
Eu analisava-os com o mesmo olhar de estranhamento, como se fosse o encontro de duas espécies de animais diferentes. Naquele momento eu tentava imaginar o que se passava na cabeça daqueles alunos, tenho certeza que todos temos preocupações parecidas, mas ao mesmo tempo tão distintas.
Tive a oportunidade de conhecer todas as dependências do colégio, desde a quadra até as salas de aula do maternal. As diferenças entre este colégio e o público são gritantes. O laboratório é muito mais equipado, as salas de aula são menores, sendo assim, havia um menor número de alunos por sala, facilitando o trabalho do professor. Havia também armários nos corredores, para que os alunos guardem seus materiais, entre outras diferenças estruturais e educacionais.
Agora eu lhe pergunto, até quando estas diferenças continuarão tão gritantes? É normal um investimento de bilhões na construção de estádios, enquanto temos escolas que não tem, ao menos, uma quadra de esportes? Eu já não sei mais o que dizer e já estou cansado de ver tanta desigualdade. Diga-me, quais as chances de um aluno de escola pública contra esta burguesia?
Em suma, este texto é apenas uma tentativa de abrir os olhos daqueles que não querem ver a situação em que se encontra a educação pública no Brasil. Só digo mais uma coisa, se a população continuar com este grau de passividade perante a isso a tendência é só piorar.

Agora você me pergunta “Felipe, mas você foi a uma palestra sobre um livro que parece ser o máximo. Você não vai falar nada sobre?” Claro que sim! Resenharei o livro assim que possível, porque o livro me parece genial, mas enquanto isso você pode assistir o book trailer clicando aqui



Um comentário:

  1. Meu nome é Yara Marina e eu estudo no colégio "Júlio Mesquita" no qual aconteceu a palestra. Bom, a desigualdade social é sim um problema muito presente no nosso país, mas temos sempre que lembrar que se quisermos mudar de vida e se nos dedicarmos a isso nenhuma barreira socioeconômica pode nos impedir.
    É muito legal ver as coisas do meu cotidiano com um olhar diferente, isso até serve para darmos mais valor ao que temos. Na minha escola por exemplo oque mais ouvimos são alunos reclamando da estrutura, dizendo que não temos uma piscina, uma biblioteca maior, ou até mesmo outras coisas mais desnecessárias. Algumas vezes temos jogos em outras escolas, lá de São Paulo, uma delas os alunos tem 3 opções de cantinas sendo que uma delas é uma franquia do Bobs (isso dentro da escola), essa mesma escola tem um ginásio de basquete, e mais algumas quadras poliesportivas, quando vamos nos impressionamos com isso, sem dar o mínimo de valor para o que já temos.
    Acho que todos devíamos dar mais valor para o que temos em mãos, mesmo que outros tenham mais que nós, e independente disso devemos nos esforçar ao máximo para aproveitar nossas oportunidade,sejam elas grandiosas ou não!

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